#meservevadia. A hashtag entrou nos trending topics mundiais do Twitter, na noite da última terça-feira, enquanto ia ao ar o capítulo 104 de "Avenida Brasil". Não entendeu nada? A gente traduz: a frase usada por Nina (Débora Falabella), dezenas de vezes, para humilhar Carminha (Adriana Esteves), foi "dita" também por milhões e milhões de internautas em suas redes sociais, e repercutiu pelo mundo virtual. Uma frase que parecia querer sair não só da goela da justiceira do horário nobre, mas também do público que acompanha diariamente sua saga.
á torceram muito o nariz para esse gênero dito menor. Só que novela é feita para entreter, ser companheira até de quem não tem televisão, mas corre para o vizinho a fim de acompanhar as últimas cenas. Diziam, inclusive, que ela ia morrer com a chegada da internet. Qual o quê! TV e computador se complementam. Que nos perdoem os radicais, quem manda no Brasil hoje são as televisivas Carminha, Nina, Gabriela, Penha, Chayene, Miriam, e por aí vão... Heroínas ou vilãs, de personalidades distintas, criadas por autores engenhosos, que movem o país numa engrenagem de faz de conta. João Emanuel Carneiro, o autor das 9, acredita que a paixão do brasileiro por sua novela está relacionada ao prazer dele próprio em escrevê-la:
- É uma história que eu assistiria.
Em semanas que antecedem grandes viradas em suas tramas, mudam seus hábitos? Se afasta dos amigos para evitar a sabatina? Fica mais ansioso? Como é esse processo?
Sou muito organizado e escrevo os capítulos com bastante antecedência. Esses momentos de virada me deixam mais ansioso, com mais expectativa, claro. Mas não mudo minha rotina, não. Aos amigos curiosos, digo que eles precisam assistir à novela. Não conto nada! Mas me divirto bastante com esse "assédio oportuno".
Muitos críticos de TV o apontam como um sopro de renovação na teledramaturgia. Como encara essa observação?
Defendo a ideia de que um autor deva escrever algo que ele gostaria de assistir. Fiz uma novela de que gosto. Além disso, pensei numa obra que não $o público. Receber elogios como esse é um reconhecimento de que estou no caminho certo.
Existe a cobrança de ter de se superar no próximo trabalho?
Isso é inevitável, mas é uma armadilha. Por isso, foco na história, em fazer algo que eu pararia para assistir. Independentemente do que falam, pensam e esperam de mim, não abro mão da qualidade do que estou fazendo.
Quando fez "A favorita", você não escondia a predileção por Flora (Patrícia Pillar). Nesta, há um favorito?
Gostava mesmo da personagem. Tanto que daí nasceu Rita/Nina, uma mocinha nada tradicional para quem podemos torcer. Fica complicado escolher um, seria injusto...
Há um lado bom em Carminha?
Carminha ainda é um mistério. Muita coisa sobre esta personagem será explicada com informações de seu passado. Não que isso justifique suas atitudes... A única coisa genuinamente boa em Carminha é o amor que ela sente pelo filho, Jorginho. O problema é que ela nem sempre sabe como lidar com isso.
Muitas crianças assistem à sua novela. O que as agrada?
É um cardápio muito eclético. A criançada adora o Leleco (Marcos Caruso), por exemplo. Quando ele sai às ruas, meninos e meninas o abordam. Vera Holtz e sua Lucinda também fazem muito sucesso com a molecada, assim como Tufão e a própria Carminha.
Como jornalista que sou, tenho que perguntar: afinal, qual o segredo de Mãe Lucinda?
Como autor que sou, não posso contar! (risos)
Extra